sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

É algo sobre a ausência de algo, ou talvez seja uma ausência de mim mesmo. Não importa muito e nem estou muito interessado. É assim, e simplesmente continuará sendo por todos os tempos em que estiver a sós contigo, comigo, ou com os sóis que ardem aqui no íntimo. Ah, como ardem! Iluminam, claro, mas nem toda luz é bem vinda. Tempos de escuridão são tão relevantes quanto os outros, ora pois! E na verdade pode ser que seja sobre a dor, e não sobre a ausência, e a questão principal da dor é que ela vem e não há escapatória. O importante é saber que o sofrimento é opcional. Mas, céus, como tem gente que gosta de sofrer! Sofrer por tudo, sofrer por nada, por todos e ao mesmo tempo por ninguém. Por quê? Não pergunte pra mim que eu não faço a menor idéia! Sentir aquelas pontadas de melancolia é até gostoso, só que tem um limite. Bom, pra mim tem. É até reconfortante saber que quase ninguém vem ler esses textinhos, porque no fundo o propósito agora é justamente esse: lançar as palavras apenas pelo prazer de fazê-lo. E falando em lançar, deu uma vontade de ligar pros amigos e marcar alguma coisa. Sabe, lançar a sorte junto aos outros? Mas espera um pouquinho... Isso tudo não tinha começado com solidão?

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Então Runconis e Victória assumiram um aspecto fluido e cintilante como o ouro. Lançaram últimos olhares em direção aos colegas defensores, quase todos pregados ao solo com o luto que se apoderava de suas entranhas. Através do coração de nuvens do Monte Ararat, dardejaram em direção aos céus. Como dois lampejos que se afastam do próprio lar, ambos foram ao encontro do desconhecido, perdendo-se na imensidão de estrelas que se mostrava à frente.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Havia a Terra, e ela criou um Céu estrelado. Era uma réplica sólida, firme como ela e do mesmo tamanho. Você é o Solo e eu sou o Céu, ou vice-versa. Você me dá piso e me sustenta nas horas em que o peso é insuportável. O Céu e a Terra formam dois planos do universo que se colocam um sobre o outro, um domo e um chão que se cobrem por completo. Quero que cada porção do teu solo seja duplicada por um pedaço do meu céu e creio que eles se corresponderão perfeitamente.

Foi o Outono quem te trouxe, e por isso serei eternamente grato. O príncipe se torna rei do mesmo modo que galhos transformam-se em verdadeiros arranjos harmônicos. Nessa experiência de como o destino pode unir dois seres, sinto-me impelido a construir uma Realeza contigo. Se pudesse, partiria uma coroa ao meio e a dividiria com você - e somente com você.
Obrigado, 76 vezes.

domingo, 18 de julho de 2010

segunda-feira, 12 de julho de 2010

quarta-feira, 30 de junho de 2010


É como a existência de um universo na própria essência. O infinito desconhecido que se propaga pelas minhas artérias, chegando às pontas dos dedos e tingindo palidamente a pele. Meu coração bombeia centelhas que ardem, extravasam, incendeiam.

Talvez não seja sobre faíscas ou descobertas. Talvez seja sobre reconhecimento. E mais do que isso, talvez esta viscosidade do ser revele-se apenas o prelúdio do nevoeiro de nanquim que estamos destinados a nos tornar.

Parece-me que quando o mundo se clareia, certa escuridão se alastra no interior. As trevas são intrínsecas à existência do ser racional. Por mais que desejemos esvaziar-nos desta noite, não adianta fazer fogueiras à toa. O fogo pode te inundar; e certas queimaduras não possuem cura.

O pior dos males é aquele que inventamos.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Recordo-me de quando era pequeno e vira e mexe pensava que precisava olhar pro chão, ver aonde meus passos me levariam. Claro, também pra ver se não pisaria em falso ou em nenhuma cobra... Com o tempo a gente aprende a olhar tanto pro chão quanto pro que está à nossa frente. O que a maioria das pessoas esquece é que há muito a ser admirado acima. Não estou falando de signos religiosos, mas sim de um universo (literalmente) de possibilidades, e o mais importante, a lembrança de que eu, você, nós somos seres minúsculos. Nossa miudez geralmente é esquecida, deixada de lado. Não basta ter clareza sobre o que está diante de você ou para onde o seu caminhar te levará. Isto de nada vale se não aceitarmos a existência de algo muito mais antigo a todos nossos passos. Portanto contemple o céu de vez em quando. Não é como se isso precisasse se tornar um vício. Deixe-se levar pelas formas, pelas ideias, pelo fantástico.

segunda-feira, 31 de maio de 2010


Nós fomos obrigados a crescer juntos de um jeito simultâneo, tão fundamental a mim que fica difícil organizar a cabeça e compreender o que eu e você dividimos. Não é apenas a tristeza, felicidade, indignação, esperança ou calor. É um entendimento sutil das nossas ações, dos momentos, das mensagens nas entrelinhas. Uma capacidade de discernir com mais precisão as labaredas umas das outras. E vai além, percebendo-se este ânimo inédito. Faça-me companhia mais uma vez. Por favor, junte-se a mim na última dança flamejante, aquela cuja espera foi tão curta. Os primeiros passos não serão tardios.

Por que sentimos isto, como se fôssemos espectador e espetáculo ao mesmo tempo?

Bizarro.

sábado, 15 de maio de 2010

Há fases, ciclos, uma continuidade nostálgica do ser. Por debaixo de certas camadas, aquelas que já conhecemos tão bem. Ao viver, deixamos rastros, impressões num mar de folhas de outono, no coração daqueles que vêm e vão, mas especialmente daqueles que vêm e não se escondem nas sombras do passado. São estes, os que se enraízam em nós, que nos nutrem para que tenhamos a valentia de iluminar o que está por vir. Não aponte a lanterna para as sombras, aponte-a para as pupilas do futuro. Assim mesmo, na cara, sem hesitar.

domingo, 2 de maio de 2010


Crescer. Expandir-se ou se aprofundar? Cavar tão fundo até se entediar com a própria simplicidade, ou se esticar tanto em todas as direções possíveis até encontrar um falso senso de grandeza?
Que tal crescer com segurança? Não se jogar aos céus e correr o risco de tombar às profundezas a qualquer instante. Mas sim erguer pouco a pouco seu pedacinho de terra, aproximando-o cada vez mais das estrelas para, quem sabe, um dia, tocá-las.

quarta-feira, 28 de abril de 2010


E mesmo assim ainda tenho tanto medo de aparecer por aqui e falar disso. Medo de te assustar. Esses sentimentos são inéditos, sem dúvida, intoxicantes... De uma forma tão gostosa e surreal que você me deixa ansioso e tranquilo ao mesmo tempo. É algo novo que flui pelo meu sangue, fervendo cada milímetro de mim. Incrível. Teu sorriso me ilumina e clareia os pensamentos. Só espero que eu não acorde desse sonho fascinante. Aliás, o que mais quero é que não seja um sonho, e que estejamos vivendo o que há de mais real, aquilo que ultrapassa a realidade e atinge outros lugares. Você é surpreendente de um jeito tão cativante que vira e mexe me questiono: "E se...?".

sábado, 24 de abril de 2010

É tão estranho! Digo, pare para pensar. Parou? Então vamos pensar. O presente logo se torna passado, certo? Ou seja, o presente é uma das coisas mais efêmeras. Mas, não termina por aí, o presente é eterno. E agora, o que concluir? Eu não sei. E por pura honestidade não vou tentar adivinhar. Vamos celebrar a ignorância. E também a contemplação da vida por ângulos inéditos.

sábado, 17 de abril de 2010

Acho que a questão não é viver o presente de forma espontânea, mas sim viver o presente com um pé no passado, guardando para si um punhado de lembranças vindouras, e tudo isso sem perder aquela pitada de espontaneidade tão desejada.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Quantos estados existem entre estar adormecido e desperto? Não é um degrau abrupto de um para o outro. Diria até que sonhos fazem tanta parte da realidade quanto as vivências que temos de olhos arregalados ou semi abertos. É apenas uma ideia, mas reconhecer minha existência em todos os planos pode ser o passo seguinte nessa curta caminhada.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Uma noite, uma hora ou até mesmo um impulso são mais do que suficientes para alterar de forma colossal o navegar do seu barco. Sim, a estabilidade é tão frágil. As certezas são um pequeno castelo de areia que carregamos na palma da mão. Qualquer descuido e... Bem, você é obrigado a reconstruir suas certezas, ou não. Certezas pra quê?

terça-feira, 6 de abril de 2010


O tempo... Já gastei tanto tempo aflito com ele. O tempo passa, vai embora. Escorre pra nunca mais voltar. Há uns dias atrás estavam circulando na internet notícias de 1º de Abril, e uma era sobre o fim do mundo. Tudo bem, "quão imbecil você é pra ter acreditado?", mas eu estava cansado e com sono, ok? O estranho foi a sensação que tomou conta de mim naqueles pouquíssimos segundos em que achei que realmente fosse verdade. A vida é passageira demais pra gente ficar se preocupando com o que vai acontecer amanhã. O amanhã é amanhã. E, como ouvi uma amiga (um broto, ela) dizer: "todo futuro é recente". Se for pra passar num piscar de olhos, quero que seja um excelente piscar de olhos.

domingo, 4 de abril de 2010

Quando uma serena fúria toma controle, não há. Não há o que contar, o que dizer. Entretanto há o que mostrar. Está implícito. E talvez nada esteja implícito agora. Talvez eu nem saiba sobre o que estou escrevendo, mas de qualquer forma acredito ser essencial limpar o terreno, botar pra fora. Sei lá, me vejo como uma vela dentro do copo. A vela não tem fim, só que se o copo se encher de cera, o fogo se apaga. Tirar a cera me faz bem. Deixa leve, sabe?... E assim eu sei que a vela pode queimar o quanto quiser.

sábado, 3 de abril de 2010

A multidimensionalidade humana é o maior alívio já descoberto por mim. Naqueles modelos p&b insustentáveis, a angústia também se tornava insustentável. Foi preciso estourar cada partícula e esperar que a poeira baixasse, revelando novas nuvens em outros mares. A percepção é o segredo da plenitude. Continuo feliz, e não abrirei mão dessa condição.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

A vida é indomável. Por que se desgastar tanto com angústias desnecessárias? Como já dizia o velho sábio do pontioniux, "Mas não é fácil, mas também não é difícil". Hoje acordei feliz, e pretendo continuar assim o máximo possível.
Tinha essa outra dimensão, e nela o tempo se arrastava. Demorava um ano pra cada hora passar. Então às vezes a vida era uma longa noite, e outras vezes um longo dia. Um nascer e pôr-do-sol correspondiam a um nascer e pôr-do-sol aqui. A diferença é que o dia de lá tinha 24 anos. As gavetas eram ao contrário. Aliás, não só as gavetas. Tudo era ao contrário. Só sei que para retornar à realidade, precisava ter muita força de vontade. Com o decorrer do tempo, as pessoas se arrastavam junto a ele... Quase ninguém voltava.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Até mesmo o ínfimo barulho que os ponteiros do relógio produzem interrompe com desconforto a saudade quieta. Lembro-me de todos aqueles instantes em que precisei de você... Parecia que mais ninguém no mundo seria capaz de me entender. A distância física com certeza não altera meu carinho. Assim como não altera nossas memórias estranhas, absurdas, tristes, alegres e irônicas. Várias primeiras vezes. Primeiros beijos, contravenções, dúvidas e insights. No fim foram os sonhos que nos separaram. Mas é apenas temporário.

Você não sabe a falta que faz, Tita.

terça-feira, 30 de março de 2010

Deveria ter sido algo meio assim, que encharcasse as estrelas e refletisse de volta no teu olhar. Não foi. Parece que não tem outra forma de contar, de botar pra fora. É tão contaminante. De todas as outras pessoas, você. Aquela que conseguiu me desarmar com um sorriso fotografado, e que ficará, possivelmente por muito tempo, guardada num cantinho abafado e gostoso do meu coração. Quem sabe um dia... Dia próximo ou distante, não tenho pressa, eu venha a te conhecer tão bem. Superar esse pouco de ilusão, de imaginação.

segunda-feira, 29 de março de 2010

A vida é pura alquimia, broto!
Hoje vou dormir frustrado. Na verdade, estou querendo contar algo que nunca dividi com alguém... Pode parecer completa falta de humildade, mas geralmente me sinto que nem a linha que divide o céu do mar no horizonte. Sim, a linha do horizonte. Ela é simplesmente espetacular! Representa tudo que é, tudo que existe. O único problema é que ao mesmo tempo também representa algo que jamais será. Vê? Frustrante. É como se enxergar de forma grandiosa e minúscula. O que, sendo sincero, todos nós somos. Somos grandes e pequenos, seja em público, durante o sono, ou até mesmo nos nossos momentos mais secretos.

Mudei de idéia, vou deitar bem humorado. O que é estranho de certa forma. Muito estranho.

E só pra esclarecer: essa tal de frustração é um dos melhores combustíveis que existe.

sábado, 27 de março de 2010

"Mas esse despertar não me incomoda mais do que os meus sonhos, agora furiosamente nítidos"

sexta-feira, 26 de março de 2010

O amor próprio é vital para que todos os outros tipos de amores possam existir.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Dia desses comecei a refletir sobre a água se espremendo pra passar pelo ralo, sendo sugada. E acredito que encarar o ralo às vezes é inevitável. Pode ser a única maneira de chegar a um novo lugar. Na realidade, é isso que tenho feito há bastante tempo. Mas agora que cheguei ao outro lado, uma estranha ironia me invade... A paisagem aqui é muito parecida com a de onde eu estava.

terça-feira, 23 de março de 2010

Teu semblante é capaz de disparar o coração do mais frio mortal.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Vira e mexe me vejo só, longe de mim. Ausente, de certa forma. Quando minha própria companhia não é suficiente, a maior parte de mim foge com desespero. Resta apenas um pêndulo inerte. E quando o pêndulo recuperará seu balanço? Acho que ele é o único que sabe.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Falta em muita gente o esforço de compreender o próximo e de admitir a própria confusão. Às vezes erro, às vezes acerto, mas ser humano é ser assim.