quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

E a injeção vem por último, carneiro, e a seringa dorme rubra, e a sinusite que me faz mais pesado é a mesma que te traz alívio, e aquelas feridas que ainda se abrem espontaneamente vão enfim parar de sangrar, carneiro, e a carne que amolece na minha frente, não tenho certeza se conseguirei pensar nela como se fosse sua, e de dez em dez a gente des- em vez de, carneirinho, e o vasto que deixa pra trás devasta os que restam, e o que resta de você, Leão, é bem aquilo que nos curará, e mesmo que você tivesse sido gente, pode ser que jamais percebesse que não éramos nós que te tratávamos, e sim o contrário.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Se perguntarem aonde fui, diga-lhes que não sei, mas que não tenho intenções de voltar. Gastamos tempo demais ao léu da pior das paralisias, acorrentados a sentimentos que, pela falta de movimento, nos fazem adoecer. Não busco um lugar, busco entrar mais em contato, porque gastamos tempo demais ao léu da pior das paralisias, esquecendo por completo o que nos rodeia, esquecendo-se até de nós mesmos. Que tipo de olhar tem alguém que é invisível a si mesmo? Mais contato, por favor.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Violento; turbilhões
brancos ascendem em erupções fantasmagóricas, ao passar
da brisa, sem arranhar, ao passar pela garganta.
Erosão natural dos laços, das cordas;
acorda, de olhos entreabertos, e vê
nas pequenas coisas, como abrir a caixinha do sabonete,
na dor e outros prazeres, até mesmo
na não-loucura dos ditos loucos, que o exterior está escancarado
para quem quiser apreciá-lo
e escancarou-se antes mesmo de você
decidir romper as barras que encerravam seu peito,
pobre coração deficiente de vitamina D.
Violenta então a libertinagem dos sonhos secos
e fertiliza a própria liberdade, pouco
importando-se com aqueles que tão arrogantemente virão
questionar quem é ele para sentir-se tão livre.