quarta-feira, 30 de junho de 2010


É como a existência de um universo na própria essência. O infinito desconhecido que se propaga pelas minhas artérias, chegando às pontas dos dedos e tingindo palidamente a pele. Meu coração bombeia centelhas que ardem, extravasam, incendeiam.

Talvez não seja sobre faíscas ou descobertas. Talvez seja sobre reconhecimento. E mais do que isso, talvez esta viscosidade do ser revele-se apenas o prelúdio do nevoeiro de nanquim que estamos destinados a nos tornar.

Parece-me que quando o mundo se clareia, certa escuridão se alastra no interior. As trevas são intrínsecas à existência do ser racional. Por mais que desejemos esvaziar-nos desta noite, não adianta fazer fogueiras à toa. O fogo pode te inundar; e certas queimaduras não possuem cura.

O pior dos males é aquele que inventamos.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Recordo-me de quando era pequeno e vira e mexe pensava que precisava olhar pro chão, ver aonde meus passos me levariam. Claro, também pra ver se não pisaria em falso ou em nenhuma cobra... Com o tempo a gente aprende a olhar tanto pro chão quanto pro que está à nossa frente. O que a maioria das pessoas esquece é que há muito a ser admirado acima. Não estou falando de signos religiosos, mas sim de um universo (literalmente) de possibilidades, e o mais importante, a lembrança de que eu, você, nós somos seres minúsculos. Nossa miudez geralmente é esquecida, deixada de lado. Não basta ter clareza sobre o que está diante de você ou para onde o seu caminhar te levará. Isto de nada vale se não aceitarmos a existência de algo muito mais antigo a todos nossos passos. Portanto contemple o céu de vez em quando. Não é como se isso precisasse se tornar um vício. Deixe-se levar pelas formas, pelas ideias, pelo fantástico.