terça-feira, 27 de setembro de 2011

A vida não quer que sejamos destemidos. Ela exige provas de bravura; quer que tenhamos medo, que com o tempo adquiramos a capacidade de superá-lo. Nunca esquecê-lo, mas aprender com ele. De modo que, de ano em ano, verão sobre verão, nos tornemos mais valentes. Mais que isso, a vida nos ensina a não temer a própria voz, as palavras que se negarmos estamos nos negando a nós mesmos. E não me refiro a sílabas soltas. A voz transmutada em ação nos realiza como pessoa.

É o que a vida quer, e o que eu quero dela não é tão diferente.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Componho canções de valentia e ousadia à faminta boca do coração. Se ficar para sempre, esperarei para sempre. A última coisa que desejo é ser refém dos ponteiros. Que existam, que dêem suas voltas infinitas, que pesem sobre os peitos alheios; longe. Porque se estiverem perto, aí sim, inevitavelmente, eu mesmo ganho distância daquilo que mais deveria amar, minha própria pessoa. Jamais esquecer de zelar pelo suave e não-amargo, jamais esquecer da vigília de uma manhã que se aproxima sem receio, sem insegurança, sem medo de ter medo; o nascer de um dia que não é apenas o nascimento pelo nascimento, mas o revigorar de mim mesmo, sim, aquele a quem aprendi a amar sem dúvidas.

sábado, 10 de setembro de 2011

E ao correr ao fundo do mar,
trevas que faíscam em vida,
os sonhos desejo alcançar;
descubro que a imaginação não está perdida. As medusas vão iluminando o caminho de uma rotina corrida e algo que não consigo identificar, meus sentimentos oscilam entre partir e ficar.
Através de lençóis oceânicos
os saltos me levam adiante
e sei que não preciso de anzóis
para que a baleia fulgurante determine o rumo da jornada. Ao sabor dos quatro ventos, sigo o sul sudoeste, rumo à terra celeste, à terra não-contada talvez até inventada (e imprudentemente fértil).

De pés agora desvendados
meus olhos não hesitam,
aceito os céus como meu chão
ao contar os últimos passos dados. A baleia que está firme na mão me guia pelas ondas de som, encaminhando-me às águas de onde provi.

(Daniel e Laís / Setembro de 2011)

terça-feira, 6 de setembro de 2011

o que era pouco se fez tanto
quando o passado negou ao presente
uma história que não fosse cíclica.
o tão somente doce ficou meio amargo
assim que a certeza avistou a dúvida de outro.
o que era dourado desbota em cinzas
e sabem os céus que não gosto delas,
então de braços abertos eu espero,
nem fantoche nem vira-lata,
pelo que pode ser o último entrelaço...
...muita paciência, sim, é hora de muita paciência...
...e apesar de descobrir que meu amor vence o tempo,
atravessá-lo é mais derrota que vitória.
só me resta aceitar as condições e regras,
o eterno que eu vou levar incondicionalmente.
está além das minhas vontades, não há fim