sábado, 25 de junho de 2011

Sabe, às vezes parece que eu estava sempre de luto por alguma coisa, qualquer coisa, coisa nenhuma. E é claro que o luto é necessário. Luto por maus hábitos, hábitos que um dia foram bons mas hoje não servem mais. Mutantes. As vestes, de repente, não cabem, simples assim. O curioso vem com a partida do luto. Porque se prender a ele é tão fácil como tropeçar e, por um instante, ainda que um instante muito masoquista, desejar nunca se erguer novamente. São as dúvidas sussurradas pela sarjeta que nos enchem de nada, mesmo que a origem dos sussurros seja a incerteza de nossa própria natureza. Alimenta-se, de mãos vazias, o medo, íntimo e infinito. Mas quando, finalmente e muito obrigado, reergo-me para longe da boca gêmea e traiçoeira que a sarjeta pode ser, aquele tremelique dos cabelos aos pés, não há nada mais a fazer senão mirar o próximo encontro de avenidas e seguir naquela direção, passo a passo, com as pernas cada vez mais firmes, cabeça fria, o coração mais e mais pleno, e um espírito que já se tornou implacável mas flexível.
Teus olhos de mar abocanham. Oceanos de azul, faces rubras. Espiadelas, olhares que jamais se cruzam.

sábado, 18 de junho de 2011

Relembrando o objetivo: conquistar o universo interior.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Ontem terminou com boa noite, mas hoje é assim que vai começar. Os motivos de eu ainda não estar dormindo são outros, distintos, mais nobres. Uma espontaneidade que se enraíza no peito. E isto vai além do suficiente. Mas, agora, falando seriíssimo, imagina a dor que essa tartaruga não vai sentir nas costas quando acordar na manhã seguinte...

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Estou tentando dormir há duas horas e meia, mas não consegui, tem um peso, um quê de sujo, talvez, será, como, quando, toda essa tão velha angústia pelas incertezas. Não costumo ter insônia... ou qualquer dificuldade em relação ao sono. Copo d'água, cama, três páginas de X-Men, adeus à lâmpada e cara no travesseiro, qualquer reflexãozinha passageira e pimba! coma até o dia seguinte. Sim, sou desses, cobertas + pijaminha gostoso + olhos semicerrados = tiro e queda. Especialmente a parte da queda. Menos hoje, hoje não teve queda nenhuma, só agitação e coceira (deve ser psicológico) e uma ânsia tão incontrolável que eu me arremessei pra fora do colchão num salto bastante inconseqüente e desci as escadas praticamente rolando, liguei o monitor e corri pra cá, quase um ciborgue que vem despejar os últimos volts da bateria para, enfim, apagar no tão desejado breu de sonhos. Sei lá. Deve ser tudo culpa desse corte no dedo, natação, raia nova, borboleta, aquela desatenção. Se bem que, na verdade, não é tão ruim. Não dá pra reclamar, não assim, não com o Simba dos últimos meses. Chega a ser falta de respeito. Pobre cão, cheio dos machucados desde o início do ano, com mais momentos depressivos que alegres, imagino eu. Mas hoje ele quis brincar, hoje ele tentou pular em mim, me arranhou com a patinha pra eu fazer carinho, voltou, disparou pela varanda e entrou na cozinha naquele desespero canino meio esfomeado meio carente, o tal abajur balançando de lá pra cá, esbarrando nos bancos, na mãe. Pois é, o abajur não faz distinção entre suas vítimas. E acho que já estou indo longe demais, de pseudo-insônia a abajures mal-intencionados. Vou tentar dormir. Na pior das hipóteses, venho pra cá de novo e procuro por alguma simpatia ou macumba ou disk-ajuda. Boa noite.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sobre a cura que se busca e não se encontra por não existir nada a ser curado.
Uma pausa para sorrir. A pausa se estende, ininterrupta.
E tomara que a lâmpada continue acesa
e a primavera não se vá
e o depois não me cegue
e o agora me encoraje
e o antes me leve a acreditar que
o bom-humor será eterno
e a corrente de faíscas que ilumina-guia-sustenta-nutre nunca parará de atravessar meu peito
porque o nó não era de chumbo mas sim de sombras.
A cada fibra de seu corpo que fervia em uma reação exacerbada, tardia e contraditoriamente pontual, Amanda tomava consciência da transformação que acontecia em sua vida. Era desagradável, porém um mal necessário. Tão necessário quanto, mesmo a contragosto, abrir os olhos de manhã cedo e ter que encarar mais um dia.