quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

E a injeção vem por último, carneiro, e a seringa dorme rubra, e a sinusite que me faz mais pesado é a mesma que te traz alívio, e aquelas feridas que ainda se abrem espontaneamente vão enfim parar de sangrar, carneiro, e a carne que amolece na minha frente, não tenho certeza se conseguirei pensar nela como se fosse sua, e de dez em dez a gente des- em vez de, carneirinho, e o vasto que deixa pra trás devasta os que restam, e o que resta de você, Leão, é bem aquilo que nos curará, e mesmo que você tivesse sido gente, pode ser que jamais percebesse que não éramos nós que te tratávamos, e sim o contrário.

3 comentários:

  1. A boa e velha hipocrisia.

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  2. A velha presunção. Que de boa não tem nada.

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  3. Que beleza literária, Daniel! Acredito que em qualquer arte, o sentimento é o que nos oferece as melhores produções. Nem tão bom para os que sofrem e oferecem sua arte, bom para o público... Parabéns pelo texto.

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