domingo, 17 de julho de 2011

Uma vela boiava solitariamente por entre as ondas, coberta de trevas. O véu tempestuoso rasgava os céus em dois ou quatro ou quatrocentos pedaços de noite. Relâmpago. A despeito da má sorte, a vela continuava acesa. Não tinha escolha. Relâmpago. Maré alta; a praia já vacilava desaparecer no horizonte como uma linha acinzentada. E a vela acesa. Relâmpago. Mas nem os prantos da tormenta extinguiriam o fogo. Ardia inflamado pela valentia, obstinado. Embora ele e a vela soubessem muito bem que não se comparavam a nenhum farol, jamais desistiriam. Relâmpago. Continuariam acesos, iluminando, aquecendo, tentando, tentando e tentando afugentar a escuridão. Porque como tão bem sabiam de seu tamanho, sabiam bem demais qual era seu valor.


Que as palavras sejam velas ao mar.

Que vençam a noite.

Que, enfim, cantem de triunfo.

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