terça-feira, 10 de maio de 2011

Sabe quando você decide atravessar algo? Você dá o primeiro passo para subir na ponte. Você caminha, caminha, caminha, e caminhando você acredita estar, a cada vitória, um passo mais próximo do outro lado. Você não olha para baixo. Espiar não vale. Além do que, você sofre de vertigem, se esqueceu? Então você segue adiante. Os minutos se tornam uma eternidade e os anos voam em um piscar de olhos. Mais ou menos por aqui você se faz a pergunta.

"Não teria sido mais fácil ignorar o medo de altura e usar minhas asas?"

Mas isto não tem mais importância. É tarde demais, a hora já passou, e agora que você aprendeu a andar com tanta excelência, não jogaria os esforços fora. Então você segue adiante, de novo. Só que, depois de tantos mil passos, você é vencido pela curiosidade e resolve ir até a beiradinha da ponte. Lá embaixo, além da névoa e das línguas-de-fogo, não houve mudança alguma. É quase como se você nem tivesse viajado por todos estes anos. Então você recobra o fôlego, logo em seguida cedendo à insensatez de uma gargalhada repentina.

Você percebeu a ironia.

Depois de dar meia volta, resolve refazer todos os passos. Desta vez para retornar a si. A ponte não ia a lugar algum. Ela somente ia, sem fim, poderia ter ido para sempre. Então, enquanto retorna, todas as sombras das vitórias passadas ainda te separando do começo, você determina o futuro: nunca mais ser desertor de si mesmo.

Um comentário:

  1. Daniel, encontro-me na ponte e foi alentador encontrar essas suas palavras, um bilhete amigo na ponte.

    marília pardini

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